segunda-feira, 28 de junho de 2010


Se tudo for tudo ao contrário do que se espera
Será que o quê que o amor vai entender
Deixar para acontecer com a pessoa certa?
Será que não vai se confundir, trocar as datas
E deixar fluir na hora errada?
E se o coração for outro,
Alguém não tão disposto
De querer um final feliz?

Então valerá a pena se arriscar no tempo
Não acreditar no erro que o destino é capaz,
Então mergulharemos no fundo, naquele profundo,
Insano e doce, desejo intenso, de um pouco de paz
E se o amor soubesse que o tempo aparece
Na face, no corpo e deixa seus sinais?
E se o amor entendesse que felicidade tem pressa
Que em uma hora dessas
Sinto falta demais?
.

domingo, 13 de junho de 2010

Partir é inevitável. 
Um dia abandonaremos o conhecido, seja impulsionados por insatisfação, necessidade ou desejo. 
Em algum momento chegará o fim da inocência escolar, da proteção da casa dos pais, do conforto de um abraço, do calor de um beijo, de um casamento falido, do emprego insatisfatório, da vida. 
Querendo ou não, partiremos
É a única certeza verdadeira. 
A grande certeza. Partir é essencial. 
Por mais que tenhamos consciência do que, de quem, nos cerca, os fatos, detalhes ínfimos e tão importantes, pessoas, lugares, cheiros, músicas, só se tornam especiais ao virarem história; a velha mania tão humana de valorizar apenas o perdido. Ou o vivido. Partir é a coragem de abandonar o mapeado e rumar para o incógnito, sem trilha marcada nem estrada pavimentada. É curtir o nó no estômago diante no novo, essa paisagem tão bela e pouco apreciada. Partir nos faz mais fortes, curiosos, atentos. Atiça os sentidos. Ficamos menos dependentes e nos livramos dos grilhões (para alguns, confortadores) do familiar. Partir causa movimento porque, assim como água parada apodrece, nós corremos o risco de virar rascunhos de nós mesmos ao acostumar com a estagnação. Nada é mais perigoso do que ficarmos satisfeitos com o medíocre. Partir pode doer para quem fica, mas não mata. Ao contrário, cria infinitas e novas possibilidades de histórias a serem desenhadas com quaisquer cores (ou ausência delas para os mais melancólicos) numa folha em branco. Num futuro todo. Numa existência plena. Viva cada história até o último detalhe, tome até a última gota de todos seus momentos porque não há nada mais reles do que abandonar a vida por covardia, esconder-se dela detrás de falsos motivos. Não há nada mais deprimente do que alguém que finge partir quando, na verdade, está fugindo. Furtar-se a viver plenamente com toda a dor, alegria, tristeza, desamores e paixões é o mesmo que não ter nascido. Mas vá, se sentir que precisa ir. Vá, se o que o move é impossível de domar. Não deixe o medo paralisá-lo. 
Ignore os que não entendem, criticam, alertam, amedrontam porque esses, enquanto você segue seu faro, escrutina o desconhecido, permanecerão no mesmíssimo lugar. 
Criarão musgo, não sairão do decadente quarteirão da resignação—e isso sim é assustador.
Por isso tudo, estou indo.

(Ailin Aleixo)